CD - CORAÇÃO CAIPIRA
Produção e Arranjos: Ernani Fornari
Letras e Músicas: Ernani Fornari (exceto “Viola e Enxada” , parceria com Bull & Bill), compostas entre 1990 e 2000
1. MEU VIOLÃO
Meu violão é o companheiro mais antigo
é o meu mais fiel amigo
sempre pronto prá tocar,
meu violão é quase um membro da familia
como um filho ou uma filha
que deus me deu prá criar,
é como se fosse outro braço ou outra perna
o instrumento é a lanterna
que ilumina meu andar,
e quando eu choro minhas mágoas no seu ombro
ele me aconselha em verso
e me pede prá cantar.
Minha viola é a irmã, mãe e amante
desse solitário errante
que canta seu caminhar,
na alegria ela espelha o meu sorriso
espelhando o paraíso
que me ajuda à criar,
e na tristeza ela enxuga o meu pranto
com o lamento de um canto que ecoa pelo ar,
e assim nós vamos braços dados pela estrada
norteando a caminhada
que é prá ver onde vai dar.
1ª. Voz e Violões 6 aço: Bull
1ª. e 2ª. Voz e Viola Caipira: Ernani
2ª. e 3ª. Voz: Bill
Baixo: Flávia Cavaca
2. VIDA
Eu quero
beber dessa fonte
entrar nessa selva
tirar esse mel,
eu quero
ouvir esse pio
cruzar esse rio
olhar prá esse céu,
subir no topo da vertente
seguir a corrente
até chegar no mar,
quero me perder nessa serra
com gosto de terra
dormir ao luar.
refrão : Vida (4x)
E assim andando e navegando
partindo e chegando
eu quero sempre estar,
vivendo com essa certeza
que é a natureza
que escolhi prá amar,
é fêmea, é fruta, é sol, semente,
é cheiro de gente
força e emoção,
é musica sempre presente
pensamento, fé,
alma e coração.
refrão.
Violão 6 aço, Viola caipira e Vozes: Ernani
Côro: Letícia Tui
Gaita: Hari
Baixo: Flávia Cavaca
3. INTERIOR
Eu quero ter
a força do vento
a paciência do tempo
a pureza dos bichos
o equilíbrio das águas
o calor e a luz do sol
quando nasce no sertão.
Eu quero ser
livre como um índio
sábio como o rio
leve como a pena
simples como um pio
profundo como o grito
de um condor em extinção.
refrão : Celebrar a vida
descansar no seio
da natureza,
fecundar a terra.
Eu quero ver
as cores da natureza
a esperança virando certeza
noite virando dia
semente virando colheita
quando olho e vejo o céu
que se abre sobre nós.
Eu quero ouvir
o silêncio da selva
a música da primavera
o murmurar do riacho
o eco vindo do espaço
quando sento e busco a paz
que vem do interior.
refrão.
Violões 6 aço e nylon , Moringa e Vozes: Ernani
Gaita: Artemus Luz
Baixo: Flávia Cavaca
4. O SOL E A LUA
O Sol
quando nasce na serra
iluminando a terra
chamando prá viver,
e o dia
vem chegando sorrindo
e eu vejo como é lindo
poder amanhecer.
A Lua
quando brilha lá fora
a noite vem agora
acalentando o amor,
estrelas
vão no céu navegando
e os violões tocando
inspirando o cantor.
Refrão : Eu sei que o tempo passa
não posso estar aqui em vão,
sei que num segundo
a vida escorre pelas nossas mãos.
Violões 6 aço, Guitarra e Voz: Ernani
Voz: Letícia Tui
Teclados: Delia Fisher
Baixo fretless: Zé Luis Maia
Bateria: Marcelo Paz
5. CANÇÃO DO LOBO
No coração de um lobo
mora uma saudade
filha de um tempo sem tempo
nascido do agora e da eternidade.
No coração de um lobo
dói a dor da ferida
que foi rasgada abrindo
caminho, picada na selva da vida.
Quando um lobo chora
ecoa lá no fundo
lavando a alma desse coração vagabundo,
e às vezes de repente
sangra uma alegria
que inunda tudo por dentro numa louca folia.
Na vida de um lobo
se amam e se guerreiam
a tristeza e o sorriso,
o inferno e o paraíso,
a morte e o mundo.
Por dentro de um lobo
velho e novo se misturam
vão fundindo pouco à pouco
o santo e o louco
o simples e o profundo.
Quando um lobo canta
seu uivo irradia
rasgando o véu que separa a noite do dia,
e quando um lobo ama
esse amor se expande
e participa inteiro do drama da vida.
Violão 6 aço, Viola caipira e Vozes: Ernani
Percussão: Peninha e Hari
Baixo: Flávia Cavaca
6. ALMA DE VIOLEIRO
Onde quer que eu vá eu levo a viola
violeiro sempre tem onde tocar
pra cantar não tem dia, nem mês, nem hora,
não tem Sol, nem chuva, tempo nem lugar,
a Vida vibra nas cordas de aço
quando sento e toco o meu violão,
meu corpo se mistura com o pinho
e como um passarinho sou todo canção,
neste momento só pulsa beleza
e toda a Natureza para pra escutar
esse violeiro filho do Universo
que semeia verso para o Amor brotar.
Refrão (2X) : Hoi, hoi, hoi, hoi
alma de violeiro
voa ligeiro, voa ligeiro
Onde quer que eu vá eu levo o meu canto
que como um manto aquece o coração,
a canção dá Vida, nutre e acalenta
a deusa que mora no meu violão,
a Vida vibra em cada poesia
quando estou em Paz e começo à cantar
seja na roça ou lá na cidade
uma Força ecoa desse violar,
nesse momento toda melodia
traz a Harmonia, Magia, Emoção,
e o violeiro se banha no Sonho
e bebe na fonte da Inspiração.
Refrão
Violão 12 , Viola caipira e Vozes: Ernani
Baixo: Flávia Cavaca
7. TERRA MULHER
A Terra é uma mulher
a Terra é a mulher
e o Poder lhes conduz,
a Terra tem poder
e a mulher tem poder
e o poder de poder nos dar à Luz.
Mulher me deu à luz
e então que a tua cruz
exploda em prazer
e então que o teu poder
possa reinventar
a terra da mulher.
A mulher é a Terra
e em seu seio encerra
a mágica da criação,
toda a mulher é a Terra
e em suas entranhas revela
a mais profunda emoção.
Mulher me deu poder
e então que o meu ser
te cante uma canção
e que o coração
possa realizar (perpetuar)
a Terra da mulher.
Piano: Delia Fisher
Flauta: Alexandre Caldi
Baixo fretless: Zé Luis Maia
Voz: Ernani
8. CANTA OUTRA PRÁ ESQUENTAR
Meu coração vive sonhando com uma folga
que é pra pegar a viola
e fugir pra outro lugar,
ao pé do fogo
ou na beira da lagoa
qualquer canto ou moda à toa
faz a alma até voar,
com meus amigos
comungando nessa hora
onde o aqui e o agora
se misturam no luar,
e a madrugada
vem chegando lentamente
vai esfriando e a gente
canta outra pra esquentar.
Violões 6 aço e nylon, Viola caipira e Vozes: Ernani
Baixo: Flávia Cavaca
9. O VELHO ÍNDIO
Cabelos soltos
balançando com o vento
livre como um pensamento
e cavalgando um alazão,
cabelos negros branqueados pelo tempo
hoje o passo á bem mais lento
mas tem pés firmes no chão.
O corpo e a alma se encontram na estrada
clareando a madrugada
e acendendo o coração,
o velho índio quando fuma seu cachimbo
sob o céu ele é um menino
contemplando a Criação.
E o índio ouve o gemido do coiote
quando a Lua é um archote
iluminando a escuridão,
coruja pia e toda a mata se arrepia
quando a sua estrela-guia lhe aponta a direção.
O dia e a noite vão norteando o caminho
ora é beijo, ora é espinho
e prá crescer precisa andar,
e a alma do índio se enche toda de beleza
quando a música é acesa
na fogueira do luar.
Violões 6 aço e nylon , Vozes e Percussão: Ernani
Baixo: Flávia Cavaca
Rabeca: Lui Coimbra
Côro: Ernani, Moreno Oberá e Mônica Oliveira
10. CORAÇÂO CAIPIRA
Enterrei meu coração
no alto daquela serra
no fundo daquela grota
onde eu tenho a minha terra,
enterrei meu coração
prá ver se nasce saudade
que é prá colher dos seus frutos
quando vier da cidade.
Enterrei meu coração
e molhei com água fria
da nascente onde um dia
eu firmei minha intenção,
de morar naquele vale
no meio daquela mata
onde a lua cor de prata
vem regar meu coração.
Violas caipira, Percussão e Vozes: Ernani
Acordeom: Marcelo Caldi
Baixo: Flávia Cavaca
11. ÁRVORE DA VIDA
Árvore da vida
seiva milagrosa
copa refrescante
folha curativa,
raiz tão segura
tronco que sustenta
fruto doce néctar
semente fecunda.
Flor maravilhosa
aroma divino
copa refrescante
galho lar dos bichos.
Vegetal antigo
deusa liberdade
companheira forte
esteio amigo,
pulmão incansável
símbolo da terra
ser incomparável
força e equilíbrio.
Natureza farta
em fertilidade
filha do supremo
mãe da humanidade.
Violão nylon: Jhon Cássio
Vozes: Chandramani e Ernani
Flauta: Thiago Picchi
Baixo: Flávia Cavaca
12. VIOLA E ENXADA
A mesma mão calejada
toca a viola e a enxada
que cumprem sua missão,
de espalhar na natureza
vida, esperança e beleza,
colheita farta e canção.
A mesma toada lenta,
a mesma terra do chão
e o ventre de uma mulher,
frutos de um só coração,
do eterno plantar e colher
da eterna germinação.
Violões 6 aço e nylon , Viola caipira, Vozes: Ernani
Viola caipira: Moreno Oberá
Baixo: Flávia Cavaca
13. SINA DE PEÃO
Amonta, peão, amonta
nesse cavalo de vento
e vem galopar sereno
sem se importar com o tempo,
onde o mar do pensamento
reflete no firmamento
e o eterno sonho da vida
vibra em todo sentimento.
Refrão : Ê peão
o teu destino é cantar essa beleza
é ser como um menino em meio à Natureza
é ser como uma Luz em noite sem luar.
Ê peão
a tua sina é tocar essa viola
o Amor é o caminho
a Vida é a escola
a luta é o desafio que te faz crescer.
Avoa, peão, avoa
nas asas do coração
e pousa em terra firme
prá fincar raiz no chão
onde a dor e a alegria
nascem da mesma semente
que germina e frutifica
essa aventura que é ser gente.
Violões aço 6 e 12 e Vozes: Ernani
Acordeon: Marcelo Caldi
Baixo: Flávia Cavaca
14. CAVALO PANGARÉ
Não é bretão,
nem mangalarga ou campolina,
nem andaluz, mustang ou quarto-de-milha.
e ninguém sabe me dizer o que ele é
mas eu não troco nada
pelo meu cavalo pangaré.
O meu vizinho diz que o bicho é trotão,
que montar nele
é o mesmo que socar pilão,
que não é baio, nem é pampa ou alazão,
é cor de burro quando foge
e que não vale um tostão.
Mas eu não ligo
eu gosto dele como é
amigo velho companheiro
meu cavalo pangaré.
Violões 6 aço , Vozes e Percussão: Ernani
Guitarra: Sérgio Rocha
Baixo: Flávia Cavaca
Bateria e percussão: Marcelo Paz